GÊNESIS 1 de 1-3
“No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: “Faça-se a luz!” E a luz foi feita.”
Foto: Adelium Castelo
Bem que podia iniciar este diálogo com pensamentos aprofundados sobre as escolas de Design de iluminação tanto para casas, espaços públicos ou até mesmo para teatro. Que é o que as normas de boa educação social mandam. Trazer referências quando o assunto é teórico. Mas aí vai, e se as referências da criatividade forem só experimentação? Forem somente uma ideia inacabada, um mito ou até mesmo crença que varia de cultura para cultura e de país a país?
Quando estudamos a ciência de iluminar, uma das primeiras histórias de soluções do dia a dia que nos fazem estudar, é do surgimento da luz pública. Que foi através das tochas que foram colocadas pela cidade a fim de acompanhar o público até a sala do teatro, uma vez que as peças eram entre colinas, em zonas distantes e de noite. Mas daí veio a ideia. Porque não usar essas tochas para todos dias? E assim surge a luz que nos mantém visíveis a rua todas noites.
Este pensamento ou história, estaria associado as várias categorias do design de iluminação que parte delas apesar de as estudar e entender não tenho domínio. Mas interessa trazer aqui antes de explicar o resto por um simples motivo. Olhamos para a arte como necessidade última do ser humano, mas desta vez e em tantas outras que desconhecemos, ela fora útil desde o princípio.
A iluminação pública que pertence a categoria da iluminação arquitetónica, só fez sentido depois de uma incitação artística. E esta é meramente técnica que criativa porque a missão última dela é iluminar. Não removo a possibilidade de Designers de iluminação criativos e que olham para esta tendência de iluminar um prédio com diferenciação e impacto de experiência para quem visita.
Foto: Adelium Castelo
O que é design de iluminação?
Enquanto iluminador, como muitos preferem dizer: Light designer. Quando me é questionado o que é design de iluminação, ou o que é iluminação. Eu prefiro sempre responder, com esta frase da qual não tenho tantas crenças, mas a admiro por em simples forma, explicar-me que: É a possibilidade de dar vida. Seja para criar sombras ou tirá-las. Este acto que se assemelha ao que Deus disse, é sim o acto de iluminar, dar sentido aos objectos, aos corpos, fazer com que eles ganhem vida. O que dá vida/sentido a luz do dia, é a sua ausência na noite ou em espaços fechados. Ex: o túnel é abismal, escuro, fechado e só tem sentido quando vemos uma luz ao fundo. Sem isso ele é vazio.
Foto: Adelium Castelo
O que faz de um iluminador ser diferente dos outros?
Criatividade, esta é a resposta que me vem à ponta da língua. Porque todos podemos iluminar, todos podemos dar vida aos vários objetos, mas se eu sou esse light designer devo em verdade apresentar as minhas possíveis formas de tapar o sol com peneira.
Homens como: Richard Pilbrow, Jean Rosenthal, Stanley McCandless destacam-se no nosso mundo não como designer de soluções, assumindo que é assim como toda gente observa como sendo o maior papel de um Designer “criar soluções para o dia-a-dia”.
“O design é um conceito amplo que representa o processo de criação de produtos a partir da excelência técnica e estética, com o objectivo de solucionar problemas e agregar valor. Quando bem feito, entrega a melhor experiência possível para o usuário.”
Eles destacam-se por tentar criar este equilíbrio entre o quente e o frio, entre a luz e a sombra, por olharem para um espetáculo cru e dizerem-faltam Penumbra para que haja luz.-E inconscientemente o nosso dia-a-dia criativo, acaba sendo feito desta soma técnica. A luz do sol que incide diretamente em mim somado ao reflexo que sai da água, do alcatrão, da superfície de um carro ou parede a cor. Criam tons diferenciados em meu rosto. O iluminador deve observar isso como solução criativa para o seu espetáculo. Essa luz no corpo cria textura, cria Drama e a perceção de tais elementos adquirimos com experimentação contínua. Pois criar atmosfera é igual a sensação diária do corpo. Varia de humor, temperatura do dia, energia geográfica. Alimenta no observador uma curiosidade, um enredo. E aí podemos dizer que o trabalho do iluminador enquanto designer é solucionar o dia-a-dia daquela narrativa dramática.
Referências: Filme Famous (2021) Full Movies on Attacker.tv | Livro: A psicologia das cores de Eva Heller | Musica: Ken Nordine-Colors 1966 | Exposição: Exposición Estrella del Norte. Angel Haro. Sala Verónicas Murcia.
Autor: Phayra Baloi – Light designer