O Papa é Pop
Lições eternas de branding divino
Por mim mesmo, Ferrão, discípulo da criatividade e apóstolo das boas ideias. Confesso, meus caros, com a eleição do novo Papa, parei para pensar no maior case de branding da história da humanidade que é o papado. Sim, o cargo do Senhor que veste branco o ano todo, vive no Vaticano e ainda assim nunca sai de moda.
Diz-me qual outra marca tem mais de dois mil anos e ainda gera engajamento global sem precisar fazer TikTok? Nem precisa de logo novo nem slogan chamativo - basta um aceno na Praça de São Pedro e prontos, milhões de curtidas espirituais.
A Igreja Católica, meus amigos, é basicamente a Apple da fé, cria rituais, tem filas às vezes eternas e lançou um produto chamado “culpa” que o povo consome até hoje, sem questionar o manual de instruções. Mas o que nos ensina o papado, nós humildes publicitários, que vendemos desde água com gás com nomes estranhos até apps que entregam tudo menos estabilidade emocional?
A forma importa, mas o conteúdo sustenta.
O Papa pode mudar, pode ser mais conservador ou progressista, mas a marca Igreja continua sólida, embalada no bom e velho design gótico, que por mais incrível que pareça não precisa de rebranding a cada temporada de Fashion Week.
A tradição é o novo hype.
A missa é basicamente uma live semanal com direito a vinho e pão (atenção, marcas de catering: aprendam). O storytelling? A história imbatível! Um herói sacrificado, ressurreição, promessas de vida eterna - Game of Thrones que se vire.
Consistência é mais santa que mil campanhas virais.
Já viste o Papa a fazer collab com influencers? Não. Mas ainda assim move multidões. A lição aqui? Marcas que gritam muito para serem notadas geralmente têm pouco a dizer. O Papa sussurra em latim e o mundo pára e escuta com atenção.
Agora, veja bem, não estou aqui a canonizar o marketing papal nem a pedir que se reze o terço em reuniões de briefing (embora às vezes ajude). Estou a dizer que existe algo profundamente inteligente em como o papado mantém sua relevância. E se olharmos com olhos de ver, e com ouvidos de ouvir, percebemos que a fé e a publicidade têm mais em comum do que parece.
“Ambas vendem promessas.
Ambas dependem de crença.
E ambas sobrevivem quando conseguem ser memoráveis, não apenas visíveis.”
Então, da próxima vez que fores criar uma marca, lembra-te: talvez o segredo não esteja no viral, mas no vital. Não no ruído, mas no ritual. E se conseguires fazer com que tua marca crie um símbolo, um gesto, um credo, mesmo que seja só um logotipo bem pensado, talvez tua criação dure mais que uma campanha.
Ou quem sabe… milênios?
E eu, Ferrão, sigo tentando entre pecados gráficos e santidades criativas, buscando o milagre do conceito perfeito. Amém.
Autor: Ferrão Chico