Alvos Móveis ou Balas Perdidas na Publicidade?
Já viste aquela sensação de dar o melhor tiro de criatividade, puxar o gatilho com confiança e... acertar num pato de borracha no meio de um lago que nem era o target? Pois é. Bem-vindo ao mundo da publicidade moderna, onde o público-alvo é um ninja de patins: rápido, imprevisível e cheio de reações alérgicas a mensagens genéricas.
Sou da geração que acreditava que personas eram pessoas. Hoje, mal acabo de estudar o comportamento do consumidor e... puf, ele já evoluiu. O que era trend ontem, hoje é cringe. O que era viral de manhã, já morreu de tédio à tarde. O que parecia uma ideia brilhante, virou meme de mau gosto em dois cliques e uma thread no X.
E aí, fica a pergunta: estamos a falar com o público certo, ou estamos só a disparar balas de conteúdo em massa, na esperança de que uma acerte alguém – de preferência com cartão de crédito?
O Alvo Está em Movimento. E Tu Ainda Estás a Apontar pra 2022?
Lá na agência, já aprendi que planeamento fixo é tipo gelado ao sol: derrete rápido e faz sujeira. O consumidor de hoje está num zapping eterno: troca de canal, de rede, de opinião e de shampoo antes de tu terminares o parágrafo do copy.
Atenção, marcas: o vosso consumidor não é uma estátua no meio do briefing. Ele é mais tipo um Pokémon selvagem – aparece quando menos esperas, muda de forma e desaparece se fores muito chato.
Por isso, aquela lógica de "vamos construir uma campanha sólida com base nos dados do trimestre passado" funciona tão bem quanto tentar apanhar Wi-Fi no mato com um Nokia 3310.
Disparar no Escuro? Só no Paintball.
Campanhas genéricas, mensagens copy-paste, aquela criatividade morninha que passa em qualquer foco group — tudo isso são balas perdidas. E sabe o que é pior? Elas até acertam... mas acertam no tédio, no esquecimento ou, pior, no cancelamento.
Ser relevante hoje é ser cirúrgico, quase um sniper emocional. Mas com uma mira que acompanha o movimento. Ou seja: estratégia flexível, escuta ativa, coragem pra errar bonito e rapidez pra corrigir antes que virem piada no Twitter.
No Final do Dia...
Se o teu plano é criar conteúdo genérico, com linguagem robótica e estética de PowerPoint dos anos 2000, parabéns: acabaste de fazer mais uma bala perdida.
Agora...
Se entendes que teu público é um ser em constante mutação, que quer diálogo, não monólogo... então estás pronto para apontar para o coração em movimento do target.
Porque, no fim das contas, publicidade boa não precisa de sorte. Só precisa saber onde o alvo vai estar antes dele chegar lá.
Da autoria de: Ferrão Chico